terça-feira, 21 de junho de 2011

De um sol boêmio




O sol vai subindo devagar, feito boêmio que volta de uma noite de esbornia e erra a ladeira de casa, escala o céu claudicante, receoso e de passos em passos, minuto a minuto, bate em nossa janela tentando te desperatar pro mundo.

Ah ignore querida!

Que o dia é grande e o meu carinho é maior ainda, e minhas carícias são vigílias, viram noites, dias, anos no espaço de um minuto. Meu peito jaz estendido feito terra embaixo do céu, abaixo do corpo seu, minhas pernas e braços são seus cobertores, seus lençóis, suas vestes, com eles te protejo do frio, acolho sua nudez.

Então minha agridoce amada, não te apresses a atender essa estrela errante que sobe o céu, e que logo cansa, e descansa e se põe, permaneçamos um sobre o outro, nascentes.
Descansa querida. que teus cabelos dos olhos sou eu quem tiro, teu bocejo sou eu quem dou, seu sustento sou eu quem faço, e te trago à cama café, almoço e jantar. Te dou o mundo na boca e me dou inteiro em tuas mãos... e disfarço essa entrega tola feito sol e peneira.

Ah menina, deixa que o sol descansa enquanto a gente já nem pensa em se cansar (de outro jeito senão nosso jeito de se amar). Posto que sobe sol, desce sol, e que se apague e caia do céu essa estrela errante, nosso amor ainda há de brilhar.
Portanto... Ignore-o.

Phelipe Ribeiro Veiga
21 de Junho de 2011 - 09:17

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