quinta-feira, 9 de junho de 2011

O tempo amante.




Não importa o quanto você se importe, o tempo não se importa assim, tem designos maiores e próprios, as vezes até secretos... não importa o quanto seu coração acelere e se afobe, o tempo tem seu próprio compasso e não irá acompanhar o seu desassossego, ele é teimoso e cheio de orgulho e personalidade, vive dizendo coisas como "calma, você vai ver!" ou ainda "ainda não acabou!" e as vezes diz mesmo na nossa cara "acorda babaca, acabou!". O tempo é um amigo do tipo que te ataca olhando nos olhos e o faz pra nos fortalecer, ele faz a vida melhor, e por esse serviço cobra-nos a saúde, a beleza, a disposição... O tempo nos abrasa, nos abraça, depois nos apaga e nos empurra num caixão. O tempo nos lambe a ferida que ele mesmo abriu, o tempo não liga, te diz "boa noite querida" e de manhã te manda pra puta que o pariu... pra de noite te abraçar de novo... O tempo é amante, amoroso, ciumento, e fica irritado quando decidimos correr sem ser de mãos dadas com ele, ele nos empurra, pra que, com o tombo, compreendamos que o passo dele é mais seguro. O tempo é um amigo possessivo, ele destrói uns sonhos pra realizar outros, nos dá antidotos inúteis como prêmio de consolação depois que os venenos já se espalharam e já fazem parte de nós. O tempo nos ensina tanta coisa. O tempo me ensinou que não dá pra apressar o tempo. Me ensinou a discernir o abraço amável do abraço afável, me ensinou que o abraço afável é abrigo, mas o abraço amável é casa (Quem já recebeu o abraço de uma pessoa que realmente te ama saberá do que digo), e me refiro aqui como o é seu próprio abraço pra mim. O tempo me ensinou que no tempo cabe tudo, cabe mais do que temos pra colocar. Me ensinou que somos mais duradouros que duráveis, e mais macios que duros. Me ensinou que eu teria evitado e evitaria muito estardalhaço só dando licença e o deixando passar. Acredito, com o tempo veremos que ele não era tão lento assim, e será ele a nos puxar pela mão... até não existirmos mais, mas acredite, nem que seja nos seus sonhos mais ocasionais, o tempo jamais se esquecerá de nós, porque o tempo meus amigos, nos ama. Acredito, com o tempo veremos que ele sempre esteve certo, e que muita coisa não valia a pena, e que outras muitas valiam, não para efeito de arrependimento, mas para podermos rir de nós mesmos, e dormirmos o sonos que todos dormem, no colo do tempo com uma plena tranquilidade que só o tempo nos dá. Vamos irmãos meus, demos licença, deixemos o tempo passar.

Phelipe Ribeiro Veiga
09 de Junho de 2011 - 19:42

3 comentários:

Ingrid disse...

tempo.. tempo.. inquieto..
palavras de sentir intensamente..
beijo Phelipe

Denilson disse...

Phelipe, o início me fes lembrar "O Menestrel" que diz "Não importa o quanto você se importa, algumas pessoas simplesmente, não importam".
Lindo texto,identifiquei com o araço amável, sei bem o que é isso, parece que transcede.
Lembei-me também do livro biblico Eclesiaste quando diz:

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;

Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;

Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;

Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;

Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;

Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;

Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.


Parabéns, nobre poeta!

Denilson disse...

Phelipe, o início me fes lembrar "O Menestrel" que diz "Não importa o quanto você se importa, algumas pessoas simplesmente, não importam".
Lindo texto,identifiquei com o araço amável, sei bem o que é isso, parece que transcede.
Lembei-me também do livro biblico Eclesiaste quando diz:

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;

Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;

Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;

Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;

Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;

Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;

Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.


Parabéns, nobre poeta!

http://divaedevaneios.blogspot.com/

(...)

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