domingo, 3 de julho de 2011

Sobras de um poente


O que sobra de um dia de sol que se fechou chuvoso?
Sobras.
Sobra a lembrança de uma meia alegria, de um possível mergulho (que esperava-se porém não aconteceu), sobra uma carta guardada no armário, um anel de madeira jamais promovido a metal, uma flor estragada numa caixa, outra murcha numa pia, e mais flores murchas no peito, duas paredes a serem apagadas, a minha com os ditos de nossa curta e densa historia, a sua com uma poesia que você musicou, e por falar em musica, dentre tantas coisas sobra uma música que você me negou, sobra a saudade dos sonhos sonhados, só, sobra a estupidez de ter amado só, uma chapinha destinada ao lixo, uma raiva de si, uma saudade... De si, sobra a mágoa de ter recebido a sobra, sobra a lembrança da unica viagem que fizemos, onde os medos não couberam na bagagem(e foi perfeito), sobra a minha vergonha de compartilhar meu fracasso, engano e auto-piedade, sobra o desgosto previsto num sonho na nossa última noite, noite essa sem abraços e muitos incômodo, sobra a sensação, o sentimento, a lembrança, o aprendizado, sobram a partir daqui todas as possibilidades do mundo, e a lição maior que deve ser posta em prática, aprendida da dor de ter sido rejeitado um bom futuro por um mal passado, o passado precisa passar. Mas enquanto não passa... Fico contando as sobras da minha ignorância feito gari que ao chegar na Praia em final de feriado cata os grãos de areia e deixa o lixo lá, é o que sobra, meu peito arranhado por ignorancia minha, seu peito pesado por uma culpa mesquinha... Eu vou, e você, ancorado ficará. É, isso é o que sobra. E seguimos nós, apartados, com suas versoes próprias de sua própria história, razoes e motivos, esperando esse nó(na garganta) se desfazer, o coração se acostumar a andar só de novo, sem beijos nem cafuné, e concluo, que dó, nós restamos.



Phelipe Ribeiro Veiga
03 de julho de 2011 - 05:25

Um comentário:

Ingrid disse...

amarguradas e rais tuas palavras..
beijo e uma linda semana..

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...