domingo, 8 de janeiro de 2012

Sobre carinho.



A palavra certa é carinho. 
Eu não sei bem te dizer porque eu me enrusti assim em teias que não são obrigatórias nem nada, e porque toda vez que estou prestes a sair dessa armadilha eu olho pra trás e volto correndo me jogando nela de novo. Estou começando a criar uma certa inimizade com meus desejos. É que eu acho que não ando muito a meu favor, ando roubando no jogo contra o meu sucesso, a favor de des-conhecidos que prometem, prometem, prometem... e eu vou cumprindo até promessa alheia, limpando o nome de gente que não tem é culhão pra ser gente. E eu me pergunto, quanto descaso com meu próprio peito? 
Eu comecei esse ano prometendo que ia ser mais carinhoso comigo, querendo-me bem, e pretendo cumprir, antes de qualquer outra, essa promessa. Mas é que largar os velhos sonhos eternos, maciços é muito difícil. Ontem eu me dei conta de que não é nada fácil fazê-lo, de que não é só porque levei porradas homéricas da vida anteriormente que pequenas agulhadas sutis deixaram de me machucar. Eu ando tão gratuito, tão descuidado. Meu coração anda meio a deriva, sem ancora, sem remos, vazio, e meu cais tem sofrido de solidão. Que besteira meus irmãos, eu fiz do desassossego e do sofrimento do peito uma coisa pouca qualquer, estou sendo um ignorante, uma mula, e diante de tanto carinho que distribuo aos des-conhecidos, tenho faltado com carinho comigo mesmo. 
E logo eu que comecei tudo me dizendo "esse ano eu me quero bem"...
Hoje reconheço, devo-me satisfações, e mais do que tudo carinho.

Phelipe Ribeiro Veiga
08 de Janeiro de 2012 - 12:50

Um comentário:

Ingrid disse...

carinho é tudo de bom..
e todos precisamos dele..
beijos perfumados Phelipe..
2012 maravilhoso!

(...)

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