sábado, 14 de janeiro de 2012

Sobre nós e nossas despedidas.



Meu amor, minha criança! Sento-me aqui a beira mar para escrever com tamanha ternura que sinto, estou prestes a escrever a coisa mais bonita que já escrevi, tamanha a doçura com que penso em ti, tamanha a ternura com que te encaro nos olhos, por trás dos meus olhos, todos os dias que acordo antes de abri-los. Que pesaroso isso minha criança, meu texto mais lindo é uma despedida a beira-mar... Mas não te impressiones pela despedida. Despeço-me de ti todas as noites antes de dormir... Varias vezes! Tu sabes! Talvez ate tu ouças meus sussurros tímidos, doídos. Despeço-me de ti hoje pela enézima vez, pela ultima talvez, ou ainda por uma das primeiras. A vida, disse um poeta, é um adeus demorado, e assim é contigo.
Quanto pesar num amor tão jovem, numa coisa tão prematura que somos nós, não é? Que dó!
E agora eu me peso, e me repenso, e sinto-me mais, mesmo sub-traído de você! E digo isso porque o amor, monstro que eu crio e alimento, tempestade que sou sempre eu mesmo quem semeio, me toma naquele revés sempre certo, certeiro... E sou produto de tudo isso vivido. Mas tu, sempre consternado pela imagem que ficaria de ti em minha parede, no caso de uma retirada tua ou minha, fique tranquilo. Penso em ti com bem, de boa vontade, com um desejo maciço de que sejas feliz, com a consciência de minhas incapacidades, e das suas, e acima de tudo, mais que qualquer coisa com uma eterna saudade sem fim nem começo. Parece que sinto sua falta desde que nasci até o dia em que eu morri. Mas isso tudo é porque eu nao sou entende? Eu fui há muito tempo! Muito tempo!
Meus sonhos são todos muito antigos e nao tem mais lugar nesse mundo, nem dentro de mim encontram um mínimo aconchego! O que eu busco é de pureza, de lealdade e decisão que nao existe! É que eu quero algo que nasceu em mim, morreu comigo! É dessa enfermidade de mente e coração que sofro, essa coisa crônica, antiga, essa herança que herdei do mar em que desde muito cedo fui levado a conhecer, essa mania de ser resignado feito as ondas, que nao se cansam, que nao desistem, que insistem em ser profundas até onde nao cabe mais nada, mais nada! Desse mal minha criança que sabe bem da cura das coisas, nao há com o que se curar, nao há!
E eu Termino esse texto sem sabê-lo longo ou curto, belo ou feio, porque, por um tempo, jamais o lerei! E contemplo que nós, poetas somos os seres mais (in)felizes da face da terra... Somos miseráveis, mendigando das palavras os sentidos todos delas, o significado que não há. Espremendo o mundo, esse limão já chupado. O mundo, essa mentira descoberta, nascemos mortos pra tudo, e aí erramos na mão, vivemos demais. E repetimos o erro com tudo, e com você talvez. Por tudo me desculpo, de nada me arrependo, e em todas as coisas sinto sua falta.
Em fim...
Com amor e saudade, Paz!
Phelipe...

Praia de Copacabana, 14 de Janeiro de 2012-18:49


"Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho." 

Cazuza (as vezes acho que ele me entenderia rs)


Um comentário:

Ingrid disse...

de emocionar ..
beijos perfumados..

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...