segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Sobre o esperar e o des-esperar



Há uma angústia em mim relacionada a essa história toda que não cabe mais ignorar. É que eu sei das verdades todas... eu acho. Mas a dúvida me traz uma luz tênue, resistente, resignada, e essa luz, ela é tudo que me resta. Não há conforto na minha esperança, há angustia até na minha esperança de me livrar da angustia, logo, concluo que sou um angustiado. Logo eu, que berro aos quatro ventos a minha calma e paciencia com todos, faço sol por fora, chovo por dentro. 

Não, não me venha pedir explicações! Eu não sei explicar! Só sei que é tudo tão inapreensível e cansativo e aí é tudo igual, e aí é tudo de novo sem nenhuma novidade. Mas quando aparece alguém, alguma promessa de mudança, um rosto que tenha um brilho engraçado, um sombrear diferente de olhos, um modo esquisito de piscar, de sorrir de canto de boca eu vejo aquela luz desesperadoramente acalentadora. E eu troco de tensão, troco meu vazio pela expectativa de um todo que só faz berrar mais audível meu vazio, e a impossibilidade de preenchê-lo. 

É tudo desespero afinal. 

E você? Você me pede pra esperar quando tudo que eu precisava agora era uma mentira que fizesse um mínimo de sentido, daquelas bem convincentes que fazem a gente achar segunda feira agradável e acreditar nas pessoas e na vida, e nem ia ser difícil haja vista minha imensa (e constante) vontade de ser desmentido em minhas verdades ruins (que ainda assim são verdadeiras). Não é pra resolver meu mundo não, mas é só pra mudar um pouco o tom dessa minha tensão. Mas não. Não posso esperar. Não dá pra esperar. Não sei esperar. A mim só foi dado des-esperar. E só.

Phelipe Ribeiro Veiga
03 de outubro de 2011 - 17:39

3 comentários:

Luiz Ramôa Chaves disse...

Simplesmente amei, delicado, profundo e instigante, você sabe muito bem como usar as palavras! Incrível!

Ingrid disse...

sempre lindo poeta.. esperar..
e o tempo..
beijo.

Eduardo Grillo disse...

Foi estranho ler o post "Sobre primaveras e outras estações" e depois ler este.. parece que, de alguma forma, a esperança renasceu.
Parece que é justamente nesses momentos, em que começamos a des-esperar, que a esperança fica mais forte, né? Paradoxal isso...

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...