sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Sobre o sexo como pré-texto.



A doçura do momento que se segue após nosso sexo é como gota que resiste ao sol vigoroso que vem perseguindo tempestades rápidas. É que chovemos com ventos, uivos, granizos e raios, mas é tudo voraz, veloz, e depois fica esse cheiro de suor e resto de desejo, um calor voluptuoso que vai levando a beleza de nossos urros e sussurros, deixando tudo um pouco sem sentido, meio vazio. Ficamos ali ainda suspirando rapido, tentando reaver o fôlego que despejamos um na boca do outro. Nosso peito é regado, irrigado e é espancado por dentro, galopante.

Abrimos os olhos.

Fomos ao céu de prazer e fulgor e o mundo assustadoramente jaz o mesmo. Os espelhos, os lençois amassados feito nossas almas, de tanto se chorarem nossos corpos, os pêlos nossos, tímidos e eriçados, nossa pele e carne trêmulas e avermelhadas de tapas e apertos de desejo...

É quando nos olhamos...

Nossos olhos são cheios de gratidão, de encontro. Sabemos, sentimos o mesmo desesperador prazer. Sabemos, nos juntamos num dado segundo numa mesma sensação, sendo um a causa do outro, e nossos olhos agradecem. E pra selar, um beijo. O melhor beijo, o apagado mas ainda em brasa, o mais que amante, grato, o mais que ardente, incandescente. Beijamo-nos ainda com profundos suspiros. Fechamos os olhos, e esse é um novo orgasmo, um gozo segundo, um molhar-se sem mergulhar. O beijo depois do sexo é a cereja, é a sobremesa, é a razão do encontro inteiro. Nos separamos, jogando nossos corpos um pra cada lado sem saber, o sexo inteiro fora só um pré-texto pra aquele beijo o suceder.

Phelipe Ribeiro Veiga
28 de Outubro de 2011 - 20:43

Um comentário:

Anônimo disse...

Sim...é assim quando há amor. Lindo!

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...